Emissões, milhões e árvores: O que está na agenda da COP30?
As negociações maratonianas reúnem quase todos os países para enfrentar um desafio que afeta a todos, mas, ao contrário das edições recentes, esta «COP» não tem um tema ou objetivo único.
A cimeira climática das Nações Unidas deste ano promete ser simbólica, marcando uma década desde o Acordo de Paris e realizando-se na Amazónia, uma região ambientalmente vulnerável.
Mas o que está realmente na agenda?
As negociações maratonianas reúnem quase todos os países para enfrentar um desafio que afeta a todos, mas, ao contrário das edições recentes, esta «COP» não tem um tema ou objetivo único. Isto não significa que os grandes poluidores vão se safar facilmente na COP30 no Brasil, com as nações vulneráveis às alterações climáticas frustradas com o seu nível de ambição e assistência financeira aos mais afetados pelo aquecimento global.
Aqui estão as grandes questões a serem abordadas quando os líderes mundiais se reunirem na cidade de Belém na quinta e na sexta-feira, antes do início das negociações formais na semana seguinte:
Emissões
O mundo não está a reduzir as emissões com rapidez suficiente para cumprir as metas do Acordo de Paris, e nenhuma pompa e circunstância na COP30 será capaz de amenizar essa realidade incómoda. Nos termos do acordo climático, as nações signatárias são obrigadas a apresentar, a cada cinco anos, metas mais rigorosas para a redução das emissões de gases com efeito de estufa, aumentando assim de forma constante o esforço coletivo para reduzir o aquecimento global ao longo do tempo. A última ronda de compromissos para 2035 deveria ter sido apresentada em fevereiro, para dar tempo à ONU antes da COP30 para avaliar a qualidade desses compromissos.
A maioria dos países não cumpriu esse prazo, mas no início de novembro, cerca de 65 já tinham apresentado os seus planos revistos. Poucos impressionaram e a meta da China, em particular, ficou muito aquém das expectativas. A União Europeia, dividida por disputas internas entre os Estados-Membros, não consegue chegar a um acordo sobre a sua meta, enquanto a Índia é outro grande emissor que ainda não finalizou o seu compromisso.
Dinheiro
O dinheiro – mais especificamente, quanto é que os países ricos dão aos mais pobres para se adaptarem às alterações climáticas e mudarem para um futuro de baixo carbono – é um provável ponto de conflito em Belém, como nas COP anteriores. No ano passado, após duas semanas de negociações acirradas, a COP29 terminou de forma infeliz, com os países desenvolvidos a concordarem em fornecer 300 mil milhões de dólares por ano em financiamento climático aos países em desenvolvimento até 2035, muito abaixo do que é necessário. Estabeleceram também uma meta muito menos específica de ajudar a angariar 1,3 biliões de dólares anualmente até 2035 a partir de fontes públicas e privadas. Os países em desenvolvimento exigirão alguns detalhes concretos sobre isto na COP30. A adaptação é um dos principais focos da cimeira, particularmente a falta de financiamento para ajudar os países vulneráveis a proteger as suas populações dos impactos climáticos, como a construção de defesas costeiras contra o aumento do nível do mar.
Florestas
O Brasil escolheu sediar a COP30 em Belém devido à sua proximidade com a Amazónia, um palco ideal para chamar a atenção do mundo para o papel vital da floresta tropical no combate às alterações climáticas.
Na COP30, os anfitriões lançarão um novo e inovador fundo global que propõe recompensar os países com alta densidade de florestas tropicais que mantêm as árvores em pé, em vez de cortá-las. O Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) tem como objetivo arrecadar até 25 mil milhões de dólares dos países patrocinadores e outros 100 mil milhões de dólares do setor privado, que são investidos nos mercados financeiros. O Brasil já contribuiu com 1 mil milhões de dólares. Clement Helary, da Greenpeace, disse à AFP que o TFFF «pode ser um passo à frente na proteção das florestas tropicais» se for acompanhado por medidas mais claras na COP30 para acabar com a desflorestação até 2030. A destruição da floresta tropical primária atingiu um recorde em 2024, de acordo com o Global Forest Watch, um observatório da desflorestação. O equivalente a 18 campos de futebol por minuto foi perdido, principalmente devido a incêndios de grandes proporções.