UE revê política de asilo após queda de Assad, impactando muitos sírios
A UE ajusta a sua abordagem aos casos de asilo de sírios à medida que os números diminuem.
A União Europeia emitiu nesta quarta-feira diretrizes atualizadas para avaliar pedidos de asilo por nacionais sírios, refletindo a mudança de cenário na Síria um ano após a queda do regime de Bashar al-Assad.
As alterações podem afetar o resultado dos pedidos de aproximadamente 110 000 sírios que ainda aguardavam uma decisão no final de setembro.
De acordo com a Agência da União Europeia para o Asilo (EUAA), opositores políticos de Assad e aqueles que evitam o serviço militar “já não correm risco de perseguição”.
Embora as decisões sobre pedidos de asilo sejam tomadas a nível nacional, as orientações da agência são usadas para informar os 27 Estados‑Membros da UE, bem como a Noruega e a Suíça.
O objetivo é criar maior coerência entre as 29 nações que concedem proteção internacional, segundo a agência.
Descida nas solicitações
A EUAA disse que os pedidos de asilo de sírios caíram drasticamente desde a queda de Assad.
O número dos sírios baixou de 16.000 em outubro de 2024, antes da queda de Assad, para 3.500 em setembro de 2025.
Ainda assim, os sírios continuavam a ter o maior número de casos a aguardar decisão em primeira instância.
Pelo menos 14 países da UE já suspenderam o processamento de pedidos sírios, alegando que muitos refugiados estão dispostos a regressar ao país, observou o relatório.
No entanto, o relatório da EUAA diz que apenas um terço dos sírios na Europa pretende regressar a longo prazo, e apenas seis por cento planeiam fazê‑lo em breve, citando a lenta recuperação económica e riscos persistentes.
O conflito na Síria, que começou em março de 2011, causou a morte de quase meio milhão de pessoas e deslocou metade da população pré‑guerra do país, estimada em 23 milhões.
Mais de cinco milhões de sírios fugiram do país como refugiados. Embora a maioria tenha procurado refúgio em países vizinhos como a Türkiye, muitos também foram para a Europa, contribuindo para a crise de refugiados do continente em 2015.
A agência afirmou que agora considera Damasco, a capital, como segura.
Desde a queda de Assad, em dezembro do ano passado, mais de um milhão de pessoas regressaram à Síria e quase dois milhões de deslocados internos voltaram às suas regiões, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).