Chuvas intensas inundam tendas de famílias deslocadas em Khan Younis, Gaza
Um sistema de frio e restrições israelitas persistentes sobre materiais de abrigo deixaram milhares de palestinianos deslocados expostos, já que mais de 90% das tendas são consideradas impróprias para habitação.
Chuvas intensas inundaram dezenas de tendas que abrigavam palestinianos deslocados em Khan Younis, no sul de Gaza, este sábado.
A defesa civil de Gaza afirmou num comunicado que as suas equipas responderam à situação depois de dezenas de tendas nos campos de refugiados terem ficado submersas em água da chuva em várias áreas de Al-Mawasi, a oeste de Khan Younis.
Desde manhã de sexta-feira, Gaza está sob um sistema de baixa pressão acompanhado por uma massa de ar frio e chuva intensa, agravando os sofrimentos de 1,5 milhões de deslocados no enclave devastado pela guerra.
De acordo com as estimativas do gabinete de comunicação do governo de Gaza, 93% de todas as tendas de deslocação já não são adequadas para abrigo — 125.000 de um total de 135.000 — devido a fatores climáticos e danos sofridos pelo bombardeamento israelita.
A ONU apela a ajuda para abrigo
A agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA) apelou este sábado à entrada de materiais de abrigo na devastada Gaza, à medida que as chuvas intensas inundam tendas de civis deslocados.
"O inverno chegou a Gaza", disse a UNRWA na rede social X.
"As chuvas de inverno em Gaza estão a tornar as condições ainda mais desesperadas. Famílias a abrigarem-se onde podem, incluindo em tendas improvisadas".
A agência da ONU reiterou que tem os materiais de abrigo que são urgentemente necessários em Gaza "para ajudar as pessoas a passar o inverno".
Israel continua a bloquear a entrada de materiais de abrigo, como tendas e casas móveis, renegando as suas obrigações ao abrigo do acordo de cessar-fogo que entrou em vigor a 10 de outubro.
A primeira fase do acordo de cessar-fogo, baseada no plano de 20 pontos do Presidente dos EUA Donald Trump, inclui a libertação de reféns israelitas em troca de prisioneiros palestinianos. O plano também prevê a reconstrução de Gaza e o estabelecimento de um novo mecanismo de governação sem o Hamas.
Israel matou mais de 69.000 pessoas, na sua maioria mulheres e crianças, em Gaza desde outubro de 2023 e reduziu-a a escombros.