Espanha condena 'aumento sem precedentes' da violência de colonos ilegais na Cisjordânia ocupada

Madrid insta Telavive a "pôr um fim decisivo à violência e à impunidade" e responsabilizar os culpados por ataques contra palestinianos e as suas propriedades.

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Madrid expressa preocupação particular a ataques a locais religiosos, destacando um ataque incendiário a uma mesquita no território ocupado.

A Espanha condenou uma escalada “sem precedentes” da violência perpetrada por colonos israelitas ilegais na Cisjordânia ocupada, alertando que os ataques põem em risco civis palestinianos e minam as perspetivas de paz.

Num comunicado divulgado na quinta-feira, o governo espanhol, que reconheceu o Estado da Palestina em maio de 2024, afirmou que as ações continuadas de “colonos violentos” estão a ameaçar a “segurança e integridade” dos palestinianos ao visar habitações, propriedades e meios de subsistência, incluindo olivais e infraestruturas comerciais.

Madrid também manifestou particular preocupação com os ataques a locais religiosos, destacando um incêndio criminoso numa mesquita na localidade de Deir Istiya, ocorrido na quarta-feira.

O comunicado rejeitou a contínua expansão de colonatos por parte de Israel, condenando a mais recente iniciativa unilateral do Ministério da Defesa israelita de definir os limites de 13 colonatos na Cisjordânia.

A Espanha afirmou que esta medida “constitui uma violação flagrante do direito internacional”, reiterando a sua oposição de longa data às atividades dos colonatos, que a UE considera ilegais e um obstáculo à paz.

Madrid instou Telavive a “pôr um termo decisivo à violência e à impunidade” e a responsabilizar os autores dos ataques contra palestinianos e as suas propriedades.

“Estas ações violentas colocam em risco os esforços para alcançar a paz, baseada no plano de paz dos EUA e na Declaração de Nova Iorque”, afirmou o governo, acrescentando que também ameaçam a viabilidade de um futuro Estado da Palestina e prejudicam a implementação de uma solução de dois Estados.

Aumento do vandalismo e agressões físicas

Os ataques do exército israelita e de colonos ilegais intensificaram-se na Cisjordânia ocupada desde o início da guerra em Gaza, em outubro de 2023. Segundo dados palestinianos, mais de mil palestinianos foram mortos e outros 10 000 ficaram feridos.

As Nações Unidas e grupos de direitos humanos documentaram centenas de ataques de colonos contra palestinianos e as suas propriedades em 2024–2025, incluindo incêndios provocados, vandalismo e agressões físicas. Esses ataques muitas vezes ocorrem na presença de forças israelitas, que raramente intervêm.

No início desta semana, o senador norte-americano Marco Rubio expressou preocupação de que a recente onda de violência dos colonos pudesse transbordar e minar os esforços de paz apoiados pelos EUA em Gaza.

Quando questionado sobre se os acontecimentos na Cisjordânia ocupada poderiam colocar em risco o cessar‑fogo em Gaza, Rubio disse: "Não esperamos que isso aconteça. Faremos tudo o que pudermos para garantir que não aconteça."

Em julho de 2024, O Tribunal Internacional de Justiça emitiu um parecer consultivo histórico declarando que a ocupação prolongada de Israel na Cisjordânia, Jerusalém Oriental e Gaza é ilegal ao abrigo do direito internacional. O tribunal pediu a evacuação de todos os colonatos israelitas e o fim de políticas que alterem a composição demográfica desses territórios.