Lula pede “derrota” dos negacionistas climáticos na abertura da COP30
“A mudança do clima não é uma ameaça do futuro, mas “uma tragédia do presente”, afirmou o Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva na conferência, que começou com música e dança de um trio de indígenas que usavam cocares de penas.
A conferência climática da ONU começou na Amazónia brasileira na segunda-feira com apelos para que o mundo continue a lutar contra o aquecimento global, mesmo com os Estados Unidos a darem as costas.
“A mudança do clima não é uma ameaça do futuro, mas “uma tragédia do presente”, afirmou o Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva na conferência, que começou com música e dança de um trio de indígenas que usavam cocares de penas. Lula criticou aqueles que rejeitam as evidências científicas e “eles controlam algoritmos, semeiam o ódio e espalham o medo. Atacam as instituições, a ciência e as universidades.”. «É momento de impor uma nova derrota aos negacionistas», disse ele, acrescentando que é muito mais barato lutar para proteger o clima do que travar uma guerra.
Pesa nas negociações a ausência dos Estados Unidos, o maior produtor mundial de petróleo e o segundo maior emissor de gases de efeito estufa, cujo presidente cético em relação ao clima, Donald Trump, defende a indústria de combustíveis fósseis e ridiculariza as energias renováveis.
Os delegados também terão de enfrentar o fracasso mundial em cumprir a meta mais segura do histórico Acordo de Paris de limitar o aquecimento a 1,5 °C, depois dos cientistas e a ONU terem alertado nos últimos dias que ultrapassar esse nível temporariamente é agora praticamente inevitável. O chefe climático da ONU, Simon Stiell, apelou às nações para que avancem «muito, muito mais rapidamente» para reduzir as emissões e manter viva a meta de 1,5 °C. «Lamentar-se não é uma estratégia. Precisamos de soluções», disse Stiell.
Os ativistas temem que as tensões geopolíticas — desde guerras a disputas comerciais — estejam a distrair as nações do combate às alterações climáticas, mesmo com as tempestades violentas que recentemente devastaram comunidades nas Caraíbas e na Ásia. «O contexto geopolítico mais amplo da COP30 é o mais difícil de todas as COP, na minha opinião, o que significa que a COP30 pode ser uma das mais difíceis», disse Bill Hare, diretor executivo da Climate Analytics, à AFP.
Lula defendeu a sua decisão de realizar o evento em Belém, apesar dos desafios logísticos, que incluíam uma grave escassez de quartos de hotel. Muitos pavilhões da COP30 ainda estavam em construção no domingo. O objetivo de Lula era levar negociadores, empresários e jornalistas à Amazónia para que vissem por si mesmos os desafios que a natureza enfrenta.
A floresta amazónica, que desempenha um papel climático vital através da absorção de gases de efeito estufa, é ela própria atormentada por uma série de males: desflorestação, mineração ilegal, poluição, tráfico de drogas e todos os tipos de violações de direitos contra os habitantes locais, especialmente os povos indígenas.