Chuvas fortes danificaram mais de 22 000 tendas que abrigavam famílias deslocadas em Gaza e deixaram mais de 288 000 lares sem proteção, disseram as autoridades locais nesta quarta-feira.
As condições climáticas adversas agravaram a situação em Gaza, causando danos estimados em 3,5 milhões de dólares, após zonas dos acampamentos de deslocados terem ficado inabitáveis devido às inundações, disse Ismail Thawabteh, chefe do Escritório de Imprensa do Governo de Gaza, à Anadolu.
Ele afirmou que mais de 288 000 famílias agora estão desprotegidas contra o frio e a chuva, apesar de repetidos pedidos do governo para a entrega de 300 000 tendas e casas móveis.
“A resposta internacional aos nossos apelos tem sido extremamente limitada e insuficiente para corresponder à escala do desastre”, disse ele.
Ele apontou que as redes de esgoto rudimentares em Gaza foram danificadas e que as redes temporárias de água foram interrompidas.
O setor alimentar “sofreu perdas pesadas”, com grandes quantidades de suprimentos e ajuda destruídos, disse Thawabteh.
Ele acrescentou que mais de 10 postos médicos móveis foram interrompidos e que medicamentos e suprimentos essenciais ficaram destruídos devido às dificuldades de circulação nas zonas alagadas.
A depressão atmosférica também destruiu equipamentos de energia alternativa e de iluminação nos acampamentos, incluindo painéis solares usados por famílias deslocadas para suprir as suas necessidades básicas perante os cortes de eletricidade.
“A ocupação israelita continua a impedir a entrada de tendas, materiais de isolamento, aquecimento, energia e materiais para esgoto, agravando o desastre” em Gaza, disse ele.
Ele apelou ao Presidente dos EUA, Donald Trump, e aos garantes do acordo de cessar-fogo para “tomarem medidas imediatas para obrigar a ocupação (israelita) a suspender as restrições à entrada de materiais de abrigo, aquecimento, energia, água e esgoto”.
Ele alertou que o cerco israelita contínuo “vai escalar o sofrimento humanitário a níveis difíceis de gerir”.
Na terça-feira, Stéphane Dujarric, Porta-voz do secretário-geral da ONU, alertou que famílias palestinianas deslocadas em Gaza correm risco de inundação dentro de abrigos inadequados, observando que os residentes estão altamente expostos ao perigo devido ao agravamento das condições meteorológicas e que as restrições israelitas em curso estão a impedir a entrada de ajuda vital e o trabalho de organizações de socorro, incluindo parceiros da ONU.
As autoridades locais estimam que Gaza precisa de cerca de 300 000 tendas e unidades habitacionais pré-fabricadas para atender às necessidades básicas de abrigo dos palestinianos, depois de Israel ter destruído a infraestrutura durante dois anos de bombardeamentos.
Ao abrigo de um acordo de cessar-fogo que entrou em vigor em 10 de outubro, Israel deveria ter reaberto as passagens de Gaza e permitido a entrada de materiais de abrigo, incluindo tendas e casas móveis, mas não cumpriu as suas obrigações ao abrigo do acordo, apesar de repetidos apelos dos palestinianos.
