Dick Cheney, que se tornou um dos vice-presidentes mais poderosos da história dos Estados Unidos como o número dois de George W. Bush durante o 11 de setembro e as guerras catastróficas no Afeganistão e no Iraque, faleceu na segunda-feira.
Ele tinha 84 anos.
Cheney construiu uma carreira invulgarmente forte num cargo tradicionalmente sem importância e era visto por muitos como uma grande força por trás do poder, enquanto Bush empurrava os Estados Unidos para a chamada guerra contra o terrorismo, com um lado obscuro de extradições, tortura e a controversa prisão de Guantánamo.
Uma figura odiada por muitos na esquerda, ele fez uma reviravolta notável no final da sua vida, quando se opôs à campanha de Donald Trump, que acabou por ser bem-sucedida, para regressar à Casa Branca em 2024.
Cheney, também ex-congressista e secretário de Defesa, «morreu devido a complicações de pneumonia e doenças cardíacas e vasculares», de acordo com um comunicado da família citado pela imprensa norte-americana.
«Durante décadas, Dick Cheney serviu a nossa nação, incluindo como chefe de gabinete da Casa Branca, congressista do Wyoming, secretário de Defesa e vice-presidente dos Estados Unidos», afirmou o comunicado.
Como 46.º vice-presidente, Cheney serviu por dois mandatos entre 2001 e 2009.
O cargo costuma ser uma experiência frustrante para políticos ambiciosos, mas as habilidades maquiavélicas de Cheney deram-lhe considerável influência nos bastidores.
Ele ajudou a introduzir uma noção agressiva do poder executivo, acreditando que o presidente deveria ser capaz de agir quase sem restrições por parte dos legisladores ou dos tribunais, especialmente em tempos de guerra.
Esta abordagem levou Bush a envolver-se em conflitos militares no Afeganistão e no Iraque, gerando grande controvérsia sobre o impacto nas liberdades civis.
Afirmações imprecisas
Nascido em Lincoln, Nebraska, em 30 de janeiro de 1941, Cheney cresceu principalmente no estado pouco povoado de Wyoming, no oeste dos Estados Unidos.
Ele frequentou a Universidade de Yale, mas abandonou a prestigiada instituição da Costa Leste e acabou por se formar em ciências políticas na Universidade de Wyoming, na sua terra natal.
Passou dez anos no Congresso como representante do Wyoming antes de ser nomeado Secretário da Defesa por George H.W. Bush em 1989.
Cheney presidiu o Pentágono durante a Guerra do Golfo de 1990-91, na qual uma coligação liderada pelos EUA expulsou as tropas iraquianas do Kuwait.
Como vice-presidente, Cheney levou a sua ideologia neoconservadora para a Casa Branca e desempenhou um papel mais importante na tomada de decisões políticas importantes do que a maioria dos seus antecessores no cargo.
Cheney é amplamente visto como uma das forças motrizes por trás da decisão de invadir o Iraque após os ataques de 11 de setembro de 2001 pela Al Qaeda em Nova Iorque e Washington.
As suas alegações imprecisas de que Saddam Hussein possuía armas de destruição em massa alimentaram o clamor pela guerra antes da invasão dos EUA em 2003.
Ele era ferozmente leal a Bush e era visto como seu mentor em questões de política externa.
Apesar de preferir a privacidade, Cheney raramente saía das manchetes.
Certa vez, ele proferiu um palavrão contra um senador democrata sénior no plenário do Senado e, infelizmente, acidentalmente atingiu o seu amigo Harry Whittington no rosto durante uma caçada.
A sua vida profissional foi marcada por uma série de problemas de saúde, principalmente cardíacos — ele sofreu cinco ataques cardíacos entre 1978 e 2010, incluindo um em 2000, ano em que ele e Bush foram eleitos para a Casa Branca.
Ele foi submetido a uma cirurgia de bypass quádruplo e colocou um pacemaker em 2001, que mais tarde foi substituído.















