ÁFRICA
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Egito e Sudão dizem que barragem do Nilo da Etiópia representa uma 'ameaça'
Os dois países a jusante apelam à Etiópia para mudar a sua política e restaurar a cooperação regional.
Egito e Sudão dizem que barragem do Nilo da Etiópia representa uma 'ameaça'
A Etiópia argumenta que precisa da barragem para a autossuficiência energética e crescimento económico.
4 de setembro de 2025

O Egito e o Sudão classificaram uma barragem da Etiópia construída por Adis Abeba no rio Nilo como uma "ameaça" aos dois países.

Isto constou numa declaração conjunta emitida na quarta-feira após conversações no Cairo entre o Ministro dos Negócios Estrangeiros egípcio Badr Abdelatty, o Ministro da Irrigação Hani Sweilam e uma delegação sudanesa liderada pelo Ministro de Estado dos Negócios Estrangeiros Omar Sediq.

"As consultas abordaram acontecimentos relativos à barragem etíope, e ambas as partes concordaram que a barragem etíope, que viola o direito internacional, tem consequências graves para os países a jusante e representa uma ameaça contínua à estabilidade na Bacia Oriental do Nilo ao abrigo do direito internacional", disse a declaração.

De acordo com os meios de comunicação sudaneses, os dois países apelaram à Etiópia para mudar a sua política e restaurar a cooperação regional.

A declaração surgiu um dia depois do Primeiro-Ministro etíope, Abiy Ahmed, ter afirmado o desejo do seu país de trabalhar com o Egito e o Sudão na Barragem Etíope, sublinhando que agora que a barragem está concluída, garante um fluxo constante de água durante todo o ano aos dois países a jusante, previne inundações e não lhes causa qualquer dano.

Surge também em meio a disputas entre o Egito e o Sudão, por um lado, e a Etiópia, por outro, sobre o enchimento e operação da barragem, cuja construção começou em 2011. O Cairo e Cartum insistem em alcançar um acordo legal trilateral vinculativo sobre o seu enchimento e operação.

A Etiópia, contudo, mantém a sua posição dizendo que o tal acordo não é necessário, reiterando que não pretende prejudicar os interesses de qualquer país. A disputa levou a uma suspensão de três anos das negociações antes das conversações serem retomadas em 2023, apenas para estagnar em 2024.

Crise climática e instabilidade política

O rio Nilo, que se estende por 6.650 quilómetros, é partilhado por 11 países: Burundi, Ruanda, República Democrática do Congo (RDC), Quénia, Uganda, Tanzânia, Etiópia, Eritreia, Sudão do Sul, Sudão e Egito.

O Egito enfrenta uma crise severa de escassez de água, impulsionada por múltiplos fatores, principalmente a crise climática. Mais de 90% da sua água provém do rio Nilo.

O Sudão, em menor grau, também enfrenta uma crise hídrica, principalmente devido à instabilidade política.

Tanto o Egito como o Sudão são os últimos países a jusante e são países da Bacia Baixa do Nilo, recebendo níveis de precipitação relativamente baixos comparados aos estados da Bacia Alta do Nilo.

A Etiópia argumenta que precisa da barragem para a autossuficiência energética e crescimento económico.

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