NOVA SÍRIA
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Síria lança nova moeda: rostos da família Assad retirados das notas bancárias
As novas notas sírias visam simplificar as transações diárias e apoiar reformas mais amplas sem impacto imediato nos indicadores económicos.
Síria lança nova moeda: rostos da família Assad retirados das notas bancárias
Presidente sírio Ahmed al-Sharaa e o governador do Banco Central Abdul Qader Hosriya revelam uma nova nota bancária em Damasco. / AP
há 2 horas

A Síria revelou na segunda-feira novas notas, incluindo uma nova denominação que elimina os zeros e retira os retratos dos Assad, num passo para reforçar a identidade nacional e restaurar a confiança na economia.

A cerimónia de lançamento decorreu no Palácio das Conferências, em Damasco, na presença do Presidente Ahmed al Sharaa e da sua esposa Latifa al Droubi, segundo a Agência Árabe Síria de Notícias (SANA).

Sharaa e o governador do Banco Central, Abdul Qader Husariya, divulgaram as novas denominações, anunciando o início de uma transição monetária abrangente destinada a fortalecer a confiança no sistema financeiro sírio.

O consultor de gestão Abdulah Al Shamma disse que uma equipa de especialistas sírios trabalhou ao lado dos funcionários do Banco Central para avaliar as condições e estudar experiências internacionais, acrescentando que a estratégia foi desenvolvida com base académica “para restaurar a posição do Banco Central entre os seus congéneres mundiais.”

Shamma disse que a reforma assenta em cinco pilares: política monetária e estabilidade de preços; um mercado cambial equilibrado e transparente; um setor bancário sólido; pagamentos digitais seguros; e integração financeira internacional com inclusão financeira sustentável.

Sharaa descreveu o lançamento como “um sinal do fim de uma fase anterior que não faz falta”, e o começo de uma nova etapa que os sírios aspiram alcançar.

Quanto aos aspectos técnicos, o presidente afirmou que retirar dois zeros da moeda antiga, por si só, não melhora a economia, mas simplifica as transações.

Ele enfatizou que a melhoria real depende do aumento da produção, da redução do desemprego e do reforço do setor bancário, referindo-se aos bancos como “as veias da economia.”

'Nova identidade nacional'

Ele apelou à população para manter a calma durante um período de transição sensível, alertando contra o pânico ou a corrida para trocar as notas antigas, dizendo que uma procura excessiva poderia prejudicar a taxa de câmbio da libra síria.

Sharaa também defendeu a adoção de uma nova cultura “que criminalize práticas especulativas de aproveitadores”, ao mesmo tempo em que garanta uma injeção gradual de liquidez para evitar a inflação.

Sobre o desenho das novas notas, disse que refletem uma “nova identidade nacional” e se afastam da glorificação de indivíduos, usando em vez disso elementos simbólicos ligados à realidade síria. “As pessoas vêm e vão”, afirmou.

Os desenhos “revivem a memória histórica da Síria e os produtos tradicionais”, acrescentou, expressando confiança de que a economia avança de forma focada e que os resultados das reformas surgirão gradualmente, citando a posição geopolítica da Síria e o crescente interesse regional e internacional.

'Remoção dos Assad'

O cana público Alikhbariyah TV noticiou que o edifício do Banco Central em Damasco recebeu uma projeção a laser que destacou as novas notas.

Os sírios continuam a usar as notas antigas, que muitos associam às dificuldades vividas sob o antigo regime.

A nota de 2.000 libras trazia a imagem do presidente deposto Bashar al Assad, enquanto a nota de 1.000 libras apresentava o seu falecido pai, Hafez al Assad.

Com o dólar a negociar-se por cerca de 11.000 libras sírias, a população também se queixa do fraco poder de compra, que obriga a carregar maços de dinheiro para as necessidades diárias.

Desde a queda do regime Assad em dezembro de 2024, a nova administração da Síria lançou reformas económicas e políticas com o objetivo de melhorar as condições em todo o país.

Bashar al Assad, líder do regime sírio por quase 25 anos, fugiu para a Rússia logo após a sua deposição, pondo fim ao domínio do Partido Baath, que estava no poder desde 1963.

Uma nova administração transitória chefiada pelo Presidente Sharaa foi formada em janeiro.