O representante dos EUA, Seth Moulton, anunciou que está a devolver doações do Comité de Assuntos Públicos Americano-Israelita (AIPAC) e que não aceitará futuras contribuições do lobby no momento em que inicia a sua campanha para o Senado em Massachusetts.

"Vou devolver as doações do AIPAC e recusar quaisquer doações ou apoio da sua parte", escreveu Moulton na plataforma X.

"A declaração que fiz ontem à Comissão Eleitoral Federal (FEC) reflete que vamos devolver as doações."

Moulton, que anunciou a sua campanha ao Senado na quarta-feira, antes das eleições de meio de mandato de 2026, afirmou que a sua decisão foi motivada por discordâncias com a direção atual do AIPAC e a sua estreita aliança com o governo do genocida Benjamin Netanyahu.

"Eu apoio o direito de Israel de existir, mas também nunca tive medo de discordar abertamente do AIPAC quando acredito que eles estão errados", disse ele.

"Nos últimos anos, o AIPAC alinhou-se muito de perto com o governo de Netanyahu. Sou amigo de Israel, mas não do governo atual, e a missão do AIPAC hoje é apoiar esse governo. Não apoio essa direção."

O democrata de Massachusetts afirmou que deseja que a sua decisão seja vista como uma posição de princípio, e não como uma manobra política.

"É por isso que decidi devolver as doações que recebi e não aceitarei o apoio deles", disse ele.

Moulton acrescentou que permanece esperançoso quanto ao progresso diplomático em Gaza após uma recente trégua, afirmando que uma paz duradoura entre israelitas e palestinianos deve ser política, e não militar.

"Estou cautelosamente otimista de que o recente avanço em Gaza nos aproximará do fim da violência horrível na região", escreveu ele.

"Uma resolução política que permita que israelitas e palestinianos vivam lado a lado em paz é exatamente o tipo de estrutura que defendo desde o início."

O congressista de quatro mandatos, um ex-fuzileiro naval dos EUA que serviu no Iraque, posicionou-se como um democrata moderado com forte foco em política externa.

A sua decisão de se distanciar do AIPAC marca uma atitude rara entre candidatos ao Congresso, já que o lobby continua a ser uma das forças de recolha de fundos mais influentes de Washington.