O valor de mercado das duas maiores produtoras de petróleo da Rússia, Rosneft e Lukoil, caiu US$ 5,2 mil milhões após os EUA imporem novas sanções contra as empresas e suas subsidiárias.
As ações da Rosneft caíram 3% para 4,19 dólares na sexta-feira, depois de terem caído para 4,12 dólares — o valor mais baixo desde maio de 2023 —, eliminando 127 mil milhões de rublos da sua capitalização de mercado.
As ações da Lukoil caíram a pique 7,2% em dois dias, eliminando 3,66 mil milhões de dólares.
O principal acionista da Lukoil, o bilionário Vagit Alekperov, que detém uma participação de 28%, perdeu mais de mil milhões de dólares em dois dias, segundo dados do mercado.
Analistas afirmaram que as sanções, as primeiras desde o retorno de Donald Trump à Casa Branca, podem enfraquecer ainda mais o sector energético da Rússia.
“Os volumes de exportação podem diminuir enquanto a logística está a ser reestruturada, e os descontos no petróleo russo provavelmente aumentarão”, disse Dmitry Polevoy, diretor de investimentos da Astra Asset Management, segundo o Moscow Times.
Analistas do Alfa Bank alertaram que o número de parceiros estrangeiros da Rosneft e da Lukoil pode diminuir devido ao receio de sanções secundárias, o que poderia interromper o abastecimento a mercados importantes, como a Índia e os Emirados Árabes Unidos.
Os lucros da Rosneft caíram três vezes e os da Lukoil pela metade no primeiro semestre de 2025, marcando uma forte recessão financeira antes das últimas sanções.
Analistas da Alor Broker afirmaram que os efeitos futuros no mercado dependerão de os EUA visarem os bancos que atendem aos fluxos de petróleo russo, observando que “os bancos estrangeiros podem não efectuar pagamentos formais a empresas russas, uma vez que o petróleo é normalmente vendido através de comerciantes”.
As ações da Rosneft e da Lukoil lideraram a queda na sexta-feira entre as ações blue chip na Bolsa de Valores de Moscovo.
Enviado económico da Rússia nos EUA
Entretanto, o principal negociador económico da Rússia disse na sexta-feira que tinha chegado aos Estados Unidos para negociações, dois dias depois de Washington ter imposto sanções às duas maiores empresas petrolíferas de Moscovo.
A visita surge num momento de crescente frustração dos EUA com o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, e a sua recusa em concordar com um cessar-fogo na guerra na Ucrânia, que já dura quase quatro anos.
No início desta semana, o Presidente dos EUA, Donald Trump, cancelou as conversações planeadas com Putin em Budapeste, afirmando que não queria uma reunião “desperdiçada”.
“Cheguei aos EUA para continuar o diálogo entre os EUA e a Rússia — visita planeada há algum tempo com base num convite da parte dos EUA”, afirmou o principal enviado económico de Putin, Kirill Dmitriev, no X.
O enviado disse às agências de notícias russas que transmitiria a posição da Rússia sobre a guerra na Ucrânia em reuniões com funcionários da administração Trump.
“Infelizmente, a Ucrânia está a atrapalhar o diálogo necessário e está a fazê-lo novamente a pedido dos britânicos, a pedido dos europeus, que querem que o conflito continue”, disse, segundo a agência estatal TASS.
Comentando sobre a última rodada de sanções, Dmitriev, ex-banqueiro da Goldman Sachs e graduado em Stanford, disse que elas teriam um efeito contrário para os Estados Unidos, aumentando os preços da gasolina para os norte-americanos comuns.
“O potencial para cooperação económica com a Rússia ainda existe, mas somente se os interesses da Rússia forem tratados com respeito”, disse.
