Forças israelitas interceptaram a Flotilha Global Sumud na quarta-feira enquanto esta se aproximava de Gaza numa tentativa de romper o cerco, menos de uma hora depois da organização relatar ter avistado mais de 20 embarcações não identificadas a três milhas náuticas à frente da frota.
A Flotilha Global Sumud anunciou posteriormente que as transmissões ao vivo e comunicações foram cortadas na maioria dos seus navios, enquanto os navios de guerra israelitas cercaram as embarcações que navegavam em direção a Gaza para desafiar o bloqueio.
Foi declarado o estado de emergência a bordo de todas as embarcações, com câmaras desligadas e militares a embarcar em vários navios, incluindo o Alma e o Sirius, conforme confirmado pelo Comité Internacional para Romper o Cerco a Gaza (ICBSG).
Antes da incursão, o grupo publicou um vídeo na plataforma X mostrando conversas de rádio em que as forças israelitas ameaçavam parar e apreender a flotilha por violar o que chamaram de “bloqueio legal” caso continuassem em direção a Gaza.
“Somos uma missão humanitária pacífica e não violenta; a nossa viagem é legal sob o direito internacional”, respondeu um ativista no vídeo.
“O mundo está a assistir e responsabilizará aqueles responsáveis pelos atos hostis.”
O capitão do Alma, o navio líder, desafiou as ordens da marinha israelita para parar. Não foram divulgados mais detalhes sobre detenções ou o destino final dos navios.
A flotilha partiu no final de agosto, transportando ajuda humanitária e suprimentos médicos, e, em circunstâncias normais, era esperada na costa de Gaza na manhã de quinta-feira.
Os organizadores pediram aos governos e apoiantes em todo o mundo que monitorizassem o movimento da flotilha com rastreadores e transmissões ao vivo e pressionassem pela proteção dos ativistas a bordo.
No momento da interceptação, a flotilha já tinha navegado além do ponto onde a missão Madleen foi interrompida no início deste ano, restando apenas 81 milhas náuticas até Gaza.
Esta foi a quarta missão marítima de ajuda lançada para Gaza em 2025, após as iniciativas “Cosncience”, “Madleen” e “Handala para Romper o Cerco”.
A política francesa Marie Mesmeur e a eurodeputada franco-palestina Rima Hassan estão entre aqueles que relataram que os seus barcos estavam a ser cercados.
Reação internacional
A reação internacional foi rápida. O Ministro dos Negócios Estrangeiros da França, Jean-Noel Barrot, instou as autoridades israelitas a garantirem a segurança dos cidadãos franceses a bordo, destacando o seu direito à proteção consular e ao regresso seguro.
Ele afirmou que a França estava em contato regular com Israel para garantir que qualquer operação de embarque ocorresse sob “as melhores condições de segurança possíveis”.
O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Irlanda também expressou preocupação, dizendo que a flotilha é uma “missão pacífica para lançar luz sobre uma horrível catástrofe humanitária”.
O maior sindicato da Itália convocou uma greve geral para sexta-feira em protesto contra o tratamento dado à flotilha que pretende levar ajuda a Gaza, informou na quarta-feira.
Protestos também ocorreram em várias cidades italianas na noite de quarta-feira, incluindo Nápoles, onde manifestantes interromperam a circulação de comboios na estação principal após relatos de que cerca de 20 embarcações não identificadas estavam a aproximar-se da flotilha internacional.
Israel intensificou o cerco a Gaza em 2 de março, fechando todas as passagens fronteiriças e bloqueando alimentos, remédios e ajuda, levando o enclave à fome, apesar dos camiões de ajuda acumulados nas suas fronteiras.
Desde outubro de 2023, as forças israelitas mataram mais de 66.100 palestinos, a maioria mulheres e crianças. O bombardeamento incessante tornou Gaza inabitável e levou à fome e à disseminação de doenças.
