Na segunda-feira, a Casa Branca rejeitou um pedido do Presidente venezuelano Nicolás Maduro para conversar com o seu homólogo Donald Trump, com o objetivo de diminuir as tensões entre os dois arqui-inimigos.
A rejeição aconteceu quando dois líderes da oposição venezuelana apoiaram o reforço naval dos EUA perto do país sul-americano, considerando-o fundamental para a restauração da democracia.
Trump enviou oito navios de guerra e um submarino para o sul do Caribe numa operação antidrogas que a Venezuela teme ser o prelúdio de uma invasão.
As forças americanas destruíram pelo menos três barcos suspeitos de transportar drogas venezuelanas nas últimas semanas, matando mais de uma dúzia de pessoas.

No domingo, o governo venezuelano divulgou uma carta que Maduro enviou a Trump.
Na missiva, Maduro — cuja reeleição em julho de 2024 foi rejeitada como fraudulenta pela oposição venezuelana e grande parte da comunidade internacional — rejeitou como «absolutamente falsas» as alegações dos EUA de que ele lidera um cartel de drogas e instou Trump a «manter a paz».
Em resposta na segunda-feira, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que a carta de Maduro continha «muitas mentiras».
Ela acrescentou que a posição do governo Trump sobre a Venezuela «não mudou» e que considera o governo «ilegítimo».
O envio de tropas dos EUA é o maior no Caribe em anos.
Maduro acusou Trump, que durante o seu primeiro mandato tentou sem sucesso acelerar a destituição do presidente venezuelano, de tentar efetuar uma mudança de regime.
Foi «uma primeira carta, certamente enviarei mais», disse Maduro na noite de segunda-feira durante o seu programa semanal de televisão, no qual afirmou que o seu objetivo era «defender a verdade da Venezuela».
«Se eles fecham uma porta, abre-se uma janela, e se eles fecham uma janela, abre-se uma porta com a verdade do seu país, iluminando o mundo, iluminando a Casa Branca com a luz da verdade da Venezuela», acrescentou.
O Ministro da Defesa de Maduro, Vladimir Padrino Lopez, acusou na semana passada os Estados Unidos de travarem «uma guerra não declarada» nas Caraíbas, sublinhando que os ocupantes de alegados barcos de droga foram «executados sem direito a defesa».
Milhares de venezuelanos juntaram-se a uma milícia civil em resposta ao apelo de Maduro para reforçar as defesas do país, que enfrenta dificuldades financeiras. Alguns venezuelanos apoiaram as ações dos EUA, mas esperam que elas acelerem a queda de Maduro.

'Ameaça real e crescente'
O candidato presidencial exilado Edmundo Gonzalez Urrutia, que os Estados Unidos consideram o líder democraticamente eleito da Venezuela, disse que o envio de militares foi «uma medida necessária para desmantelar a estrutura criminosa» que, segundo ele, Maduro lidera.
A reivindicação de Maduro da vitória nas eleições do ano passado provocou protestos violentos que foram duramente reprimidos, deixando mais de duas dezenas de mortos e centenas de pessoas atrás das grades.
A oposição afirmou que a sua própria contagem dos resultados mostrou que Gonzalez Urrutia, que se candidatou depois de o regime ter impedido Machado de concorrer, derrotou Maduro com facilidade.
Ameaçado de prisão, Gonzalez Urrutia fugiu para Espanha.
Machado permanece na Venezuela, escondida.
Outra figura da oposição, Henrique Capriles, manifestou-se na semana passada contra qualquer invasão dos EUA.
«Continuo a acreditar que a solução não é militar, mas política», afirmou o candidato presidencial, acrescentando que as ações de Trump seriam contraproducentes e «fortaleceriam aqueles que estão no poder».