Na segunda-feira, o governo dos EUA impôs sanções à esposa do juiz do Supremo Tribunal Federal que conduziu a investigação do ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado este mês a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado.
A administração Trump também cancelou o visto dos EUA do Procurador-geral Jorge Messias, outro oficial brasileiro que criticou a decisão nas redes sociais.
Viviane Barci de Moraes, esposa do juiz Alexandre de Moraes, foi alvo de sanções ao abrigo da Lei Magnitsky Global, aplicada pelos EUA contra violações dos direitos humanos. O seu marido foi alvo da mesma medida pelo processo contra Bolsonaro.
Esta é a última parte da onda de ataques unilaterais da administração Trump contra o Brasil, que inclui sanções contra outras autoridades e a imposição de uma tarifa alfandegária de 50% sobre muitos produtos exportados pelo país para os EUA.
Os media locais informaram que outros juízes que trabalham com Moraes no Supremo Tribunal também perderam os seus vistos para os EUA, mas essa informação não foi confirmada individualmente pelos juízes.
Uma holding da família de Moraes também foi sujeita a sanções ao abrigo da Lei Magnitsky. De Moraes afirmou que as instituições brasileiras são «fortes e sólidas» e não serão afetadas pelos ataques da administração Trump.
Acrescentou ainda que as medidas tomadas contra a sua esposa «violam o direito internacional, a soberania do Brasil e a independência do poder judicial».
O Departamento de Estado dos EUA afirmou que Moraes «usou a sua posição para usar os tribunais como arma, aprovar detenções arbitrárias e reprimir a liberdade de expressão».
O comunicado afirma que «estas sanções são a continuação de uma série de medidas tomadas pela administração Trump devido ao abuso de poder por parte de Moraes, à criação de um complexo de censura, ao alvo claro dos seus adversários políticos e às graves violações dos direitos humanos».

Bolsonaro foi considerado culpado de organizar um golpe para permanecer ilegalmente no cargo após a sua derrota nas eleições de 2022 contra o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O líder de extrema direita não se encontra na prisão porque recorreu da decisão.
O Procurador-geral do Brasil, Messias, disse que este foi um “ataque injusto” por parte do governo dos EUA, mas que “continuará a trabalhar com energia e consciência”.
Na sexta-feira, o Ministro da Saúde do Brasil, Alexandre Padilha, disse que não participará na Assembleia Geral das Nações Unidas, que será realizada na próxima semana em Nova Iorque, porque o governo dos EUA lhe concedeu um «visto inaceitável» que restringe a sua movimentação no país. Padilha recebeu o visto dos EUA com muito atraso, limitando a sua movimentação em Nova Iorque a alguns quarteirões próximos da sede da ONU e do seu hotel, e o governo de Lula protestou junto da ONU.
O Ministro da Saúde permaneceu no Brasil e participou no domingo numa manifestação, que se realizou nas grandes cidades, contra uma potencial lei de amnistia que pretende livrar Bolsonaro da pena de prisão.