A Venezuela anunciou que encerrará a sua embaixada na Noruega, poucos dias após o Comité do Nobel Norueguês conceder o Prémio Nobel da Paz à líder da oposição venezuelana Maria Corina Machado, que demonstrou apoio a Israel e foi criticada pela sua postura em relação ao genocídio em Gaza.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros afirmou que a decisão faz parte da "primeira fase de uma reestruturação abrangente dos Serviços Exteriores", sem mencionar diretamente o prémio. Acrescentou que a medida está ligada a uma "realocação estratégica de recursos" e confirmou que a Venezuela também encerrará a sua embaixada na Austrália.
"O objetivo central desta reorganização é otimizar os recursos do Estado e redefinir a nossa presença diplomática para fortalecer alianças com o Sul Global, promovendo a solidariedade entre os povos e a cooperação em áreas estratégicas para o desenvolvimento mútuo", declarou o ministério.
"A Venezuela reafirma que estas ações refletem a sua determinação inabalável de defender a soberania nacional e contribuir ativamente para a construção de uma nova ordem mundial baseada na justiça, solidariedade e inclusão", acrescentou.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Noruega expressou pesar pelo encerramento da embaixada.
O anúncio ocorreu dias após o Comité do Nobel conceder o Prémio da Paz a Machado "por seus incansáveis esforços para promover os direitos democráticos do povo venezuelano e a sua luta por uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia". Machado dedicou o prémio ao Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
‘O tempo acabou’
Em entrevista à agência de notícias AFP, Machado afirmou que o "tempo de Maduro acabou", mas que ele ainda tem a chance de deixar o poder pacificamente. "Maduro tem atualmente a oportunidade de avançar para uma transição pacífica", disse ela. "Se ele continuar a resistir, as consequências serão inteiramente de sua responsabilidade. Com ou sem negociação, ele deixará o poder."
Críticas sobre apoio a Israel
Machado também enfrentou críticas por publicações anteriores na plataforma X, nas quais apoiava Israel no contexto do genocídio em Gaza. Numa publicação de 2021, ela descreveu Israel como um "verdadeiro aliado da liberdade" e afirmou que aqueles que defendem os valores ocidentais "estão ao lado do Estado de Israel".
Indiferente à devastação na região bloqueada, ela declarou que transferiria a embaixada venezuelana para Jerusalém caso fosse eleita.
"Acredito, e posso anunciar, que o nosso governo transferirá a nossa embaixada israelita para Jerusalém", disse Machado numa recente entrevista a um canal israelita.
"Prometo que um dia teremos uma relação próxima entre a Venezuela e Israel. Isto fará parte do nosso apoio ao Estado de Israel", acrescentou.